Todos os animais, seja qual for a espécie, passam muito tempo ‘falando’ entre si e com outros
A interpretação humana dos sons do cavalo – clique aqui para saber quais são esses sons – precisa se dar de maneira cautelosa. Alguns autores acabam interpretando sons de maneira diferente ou criam sons intermediários, como ‘suspiro-chamado’, que pretendem decodificar como mensagens diversificadas – frustrações, excitamentos, brincadeiras, solidão.
Todavia, sons supostamente decodificados podem ser observados em circunstâncias bem diversas entre si. Por exemplo, sons emitidos no acasalamento em cavalos adultos, muitas vezes, parecem sons de um potrinho pedindo alimento para sua mãe. Outro problema mais complexo é apontado por biólogos especialistas em evolução pois sinais diferentes de comunicação poderão aparecer para desafiar regras de seleção natural.
Para que sinais vocais possam evoluir, em primeiro lugar, são conferidos alguns valores de sobrevivência ao animal que está emitindo o som. Não é suficiente dizer que certos sons determinam excitamento. A questão real é por que é uma vantagem individual em certas circunstâncias emitir esse tipo de som? Como isto funciona para aumentar as chances de sobrevivência? Assim, compreender o que um som realiza ao invés do que significa é o primeiro passo para compreender o que é comunicação animal.
A linguagem humana é diferente pois seus sons são arbitrários, não existem sons usados para denominar coisas particularmente (o que é facilmente observável pois milhares de pessoas falam línguas diferentes para referir-se a mesma palavra). Tem-se descoberto que quando se trata de diversas espécies animais existe um padrão similar.
Energia desperdiçada
É fato biológico que, há milhares de anos, animais que aprenderam a evitar sons que realmente eram sinal de perigo tenderam a sobreviver, e os que correram de qualquer barulho, seja de camundongos ou moscas, apenas desperdiçaram energia.
Distinguir quem e grande de quem é pequeno pelos sons que emitem tem portanto um claro valor em sobrevivência.
Fatos básicos como estes servem para explicar o porquê de os animais usarem sons que emitem e qual é realmente seu significado. Muitas espécies são condicionadas a associar sons de baixa frequência a animais grandes e de alta frequência a animais pequenos. A expressão vocal de sinais sociais está, naturalmente, envolvida num código pré-existente.
Ameaças (como o rosno de um cachorro), são profundas e ásperas porque este tipo de som traz resultados, por isso é que os outros mamíferos e pássaros evitam tais sons. Sons inferiores, (como o ganido do cachorro), são de alta-projeção e tonais e evitam uma resposta agressiva porque envolvem uma pré-disposição em reconhecê-los como não ameaçadores.
Na parte três desse artigo, semana que vem, vamos abordar sobre a intensidade desses sons e suas finalidades.
Fonte: Editora Passos
Foto: horsenation