É provável que, assim como em humanos, haja influência dos genes no desempenho atlético dos equinos. Incluindo os cavalos da raça Quarto de Milha de Corrida.
Entretanto, até o momento, poucas variantes genéticas foram relacionadas à característica. E são exclusivas em animais Puro-Sangue Inglês. Entre essas variantes, polimorfismos do gene da miostatina (MSTN).
Este gene está no tecido muscular esquelético e atua como regulador negativo do crescimento da massa muscular. A inserção de elementos transponíveis dentro de genes ou em sua proximidade, portanto, altera a sua expressão por meio da sua interrupção e modificações de sequências em promotores.
Há, então, demonstração em estudo de que um elemento curto intercalado, conhecido como Elemento Repetitivo Equino 1 (ERE1), na região promotora do gene MSTN, é polimórfico. Dessa forma, representa vária formas (alelos ERE1+ e ERE1-) em várias raças de cavalos.
Índices em cavalos da raça Quarto de Milha de Corrida
Em outras palavras, o papel do gene MSTN na fisiologia do músculo esquelético é importante. Ao passo que os efeitos de polimorfismos de DNA sobre fenótipos são parâmetros intrínsecos de cada linhagem ou raça em determinado ambiente.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi o de realizar análise de associação entre o polimorfismo do ERE1 do gene MSTN de cavalos e o Índice de Velocidade máximo dos animais Quarto de Milha com linhagem de Corrida.
Em primeiro lugar, o estudo utilizou 381 cavalos de Corrida da raça Quarto de Milha, de ambos os sexos, registrados na ABQM. Para a genotipagem do ERE1 do gene MSTN a técnica usada foi a de PCR. Nela, amplificou-se fragmentos de 436 e/ou 209pb da região regulatória do MSTN equino.

Conclusão
A partir dos genótipos identificados nos géis de eletroforese, o estudo calculou as frequências alélicas e genotípicas para o marcador de interesse. Ou seja, mediu a associação das várias formas do ERE e o IV dos cavalos.
O genótipo ERE1+/ERE1+ foi caracterizado pela presença de um fragmento de 436pb. Os indivíduos heterozigotos ERE1+/ERE1- apresentaram dois fragmentos de 436 e 209pb. Enquanto os homozigotos de genótipo ERE1-/ERE1-, caracterizados pela presença de um fragmento de 209pb, não foram identificados.
Por outro lado, encontrou-se as seguintes frequências alélicas e genotípicas: ERE+ = 0,9986 (n=761); ERE- = 0,0014(n=1) e ERE1+/ERE1- = 0,9974 (n=380); ERE1+/ERE1- = 0,0026(n=1), respectivamente. Esses resultados foram muito diferentes dos encontrados por Santagostino em 2015: f (ERE+) = 57,5% e f (ERE-) = 42,5%; em cavalos da raça QM criados no Estados Unidos.
Os resultados encontrados no presente trabalho mostraram a quase fixação do alelo ERE+ do gene MSTN em cavalos Quarto de Milha de Corrida criados no Brasil. Dessa forma, sugerindo pressão de seleção sobre o loco. Devido a esse resultado, não esperado, não foi possível a realização de testes de associação entre genótipos e o desempenho em corridas.
Por Letícia Casarotto Trevisan, Rogério A. Curi, Guilherme L. Pereira, Rafael de Matteis, Anna Júlia S. Tavernaro – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), campus de Botucatu, PIBIC/CNPq.
Referências: Bray, M. S.; Santagostino, M.; Tozaki, T.
Crédito da foto: Divulgação/AQHA
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