Sheik Jean Fly HTT faz história ao ser exportado aos Estados Unidos

Garanhão é de criação brasileira e esse feito representa um marco para a história do esporte equestre brasileiro

A modalidade Três Tambores, sem dúvida, é uma das maiores – senão a maior – do cavalo Quarto de Milha. Só para exemplificar, em uma busca simples no site da ABQM, encontramos mais de 10 mil animais pontuados hoje nesse esporte. Entre eles, Sheik Jean Fly HTT, que se prepara para fazer carreira nos Estados Unidos como competidor e garanhão.

Em prazo estipulado de 30 a 60 dias, Sheik Jean Fly HTT estará no McColee Land & Cattle, em Mapleton, Utah. Seus novos proprietários irão enviá-lo para Kaycee Crockett, que passará a treiná-lo e correrá as principais provas dos Estados Unidos na modalidade. Em 2021, os planos são de incluí-lo como garanhão no programa Pink Buckle. Esse programa tem uma prova de potro do futuro com premiação de mais de dois milhões de dólares.

“Uma amiga minha me perguntou se eu conhecia um cavalo bom para correr provas e que pudesse virar um garanhão depois. Ela queria um animal brasileiro e me pediu o melhor que eu conhecia correndo hoje no Brasil. Falei para ela sobre o Sheik Jean Fly HTT e logo depois liguei para o Turato”, conta Shannon Kerr, americana que reside no Brasil desde 2011. Negócio fechado, o cavalo está agora nos preparativos para embarcar.

Sheik Jean Fly HTT

Nascido em 01/09/2014, Sheik Jean Fly HTT é de propriedade e criação do Haras Turato, de João Turato. Seu pai é Victory Fly VM e sua mãe Tiny Martha Jean. Sob a sela de Edgar Rogério Ribeiro, o cavalo estreou nas pistas brasileiras em 2018, tendo participado das mais importantes provas.

“Ele sempre foi craque, correu na casa dos 17 segundos em sua primeira vez fora de casa e em sua segunda prova já deu 17s3. Sheik correu tempos na casa dos 16 segundos em todas as principais pistas do Brasil, mas o que mais se admira é seu estilo de passadas, sempre fiel e de ‘rédeas soltas’. Agradecemos toda essa trajetória ao brilhante treinador Edgard Rogério Ribeiro, que fez um trabalho excepcional com o Sheik”, afirma João Roberto.

Sonho

O criador lembra que Tinny Martha Jean, filha de Martha Six Moon, já havia dado ao haras produtos realmente diferenciados. “Inclusive nosso garanhão Prince FireWater HTT (por FireWater Flit). Então decidimos fazer alguns filhos dela com garanhões destaque aqui do Brasil para explorar ainda mais a sua incrível facilidade de produzir bons indivíduos”.

Quando nasceu, Sheik Jean Fly HTT chamou atenção de seus proprietários por ser “um alazão da frente aberta, como o pai. Já o imaginamos em pista e até chagamos a falar dele como um futuro garanhão para cobrir a maioria das éguas atuais, devido ao seu sangue aberto para as principais genéticas de Tambor no mundo”.

Ao mesmo tempo, Turato conta que recebeu muitas propostas de compra. “Sheik é atleta que demonstra confiança para qualquer amador montá-lo, até mesmos alguns americanos já haviam nos procurado para possíveis negociações”. E essa ação se concretizou de fato logo após o contato de Shannon Kerr e a oportunidade do projeto com o McColee Land & Cattle.

“Acreditamos que seja o sonho de qualquer criador de cavalos no Brasil poder exportar um animal com a sua marca, no caso a nossa ‘HTT’, filho de um cruzamento feito em casa, ao país que é referência em criação e treinamento de cavalos de Tambor. É uma sensação realmente indescritível!”

Feito

A chegada de Sheik Jean Fly HTT aos Estados Unidos representará um marco para a história do esporte equestre brasileiro. Garanhão brasileiro nascido no Brasil e ainda filho de um garanhão também nascido no Brasil, Victory Fly VM. A exportação dele por si só já seria um feito incrível, mas por seu pai também ser brasileiro tornou essa ação ainda mais inusitada e inédita.

“É, inegavelmente, um feito para a criação de Quarto de Milha no Brasil. Vemos não só a primeira exportação de um animal com genética brasileira, como a primeira exportação de um garanhão de Tambor com sangue de outro garanhão nacional. Sem dúvida, é algo que temos que celebrar. Além disso, é uma vitoria o americano buscar no Brasil uma genética nova”, aponta Thomas de Melo e Sousa, da Fazenda Nossa Senhora de Lourdes, proprietário de Victory Fly VM (In Memorian).

Exportações

Sobretudo nos Três Tambores, as exportações são recentes. Antes de Sheik Jean Fly HTT, ano passado a brasileira Keyla Polizello levou para os Estados Unidos uma égua que ela já colocou em pista.

Por sua nacionalidade e conhecimento de como tudo funciona nos Estados Unidos, Shannon Kerr tem tido um papel fundamental nesse desbravamento, especialmente para essa modalidade. Hoje ela atua no Brasil como treinadora de potros, e até o ano passado também era criadora, e conta que junto com Sheik mais cinco animais estão ‘de malas prontas’: Rose Fire Fast, Imperial Seis, Zorro Flit, Três Ammon IM, Radames Guy. Em 2019, Shannon também enviou três animais para a Itália: IM Super Seis, Prime Firewater e A Poderosa ZD.

Da leva que deve embarcar em no máximo dois meses, Três Ammon IM irá para as mãos de um dos maiores treinadores da atualidade, Pete Oen. Além disso, ainda estão em treinamento aqui no Brasil mais dois cavalos com destino certo: os Estados Unidos. “Todo feedback que eu recebo de quem já monta nos cavalos exportados é bastante positivo. E tenho certeza de que isso continuará acontecendo.”

Cabe aqui lembrar ainda de outras modalidades em que exportações já aconteceram. Como o caso de Gunner Boy, garanhão brasileiro que fez história na Rédeas ao chegar nos Estados Unidos e virar ídolo; na Apartação temos Shes Tilly Song 4M, com pai e mãe brasileiros, nascido no Brasil; sem contar animais da modalidade Laço.

Por Luciana Omena
Crédito da foto: Divulgação/Hugo Lemes

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