Um novo Ano Hípico começa hoje. Você sabe tudo a respeito?

O ano hípico é um artifício criado para respeitar sazonalidade dos nascimentos dos potros

De uma forma geral, as éguas são ‘poliéstricas estacionais’. Isto significa que elas têm ciclos estrais periódicos e se você clicar aqui conseguirá entender melhor para continuar lendo o resto desse artigo.

E o ano hípico é um artifício que foi criado para respeitar essa sazonalidade dos nascimentos dos potros. Ao mesmo tempo, ele dá maior uniformidade às gerações de animais novos. O que é tanto mais importante, quanto mais jovens eles começarem a competir. E também permite maior eficiência no fluxo de trabalho dos serviços de registro ginealógico das associações de criadores.

No hemisfério Sul, o ano hípico vai de 1° de julho do ano corrente até 30 de junho do ano seguinte. Ou seja, aqui no Brasil, encerramos o Ano Hípico 2018/2019 ontem e começamos hoje o Ano Hípico 2019/2020. No hemisfério Norte, considera-se o ano-calendário, ou seja, de janeiro a dezembro.

Em algumas raças, como por exemplo, no Puro Sangue Inglês, ou Quarto de Milha, isto significa que todos os potros daquela geração compartilham o mesmo aniversário, no nosso caso, o dia 1° de julho. Mesmo que em seus documentos seja registrada sua data real de nascimento, para efeito de formação de categorias ou de ‘turmas’, como se diz nas corridas, é considerado que tenham nascido no início da temporada.

Vem daí a expressão ‘mal nascido’: um potro nascido no final de janeiro ou fevereiro será agrupado com animais quatro a seis meses mais velhos do que ele. Lá na frente, quando forem cavalos maduros, estes meses não farão nenhuma diferença. Mas em uma categoria de conformação ao cabresto, por exemplo, com potros de 12 a 18 meses. Ou em estreantes nas pistas de corrida com dois anos de idade hípica, é uma diferença imensa.

Apenas pelo efeito óptico, sem nem falar das desvantagens físicas reais (‘aquele pequenino no meio dos grandões’) já chega a desvalorizar o produto.  É por isso que nos haras de corrida o manejo reprodutivo começa bem cedo, antes do pico real de fertilidade, para que as  éguas deem à luz seus potros o mais próximo possível do dia 1° de julho do ano subsequente.

Lembrando que a gestação dos equinos é de onze meses e alguns dias, e que um nascimento em junho em tese faz com que o potro se torne ‘muito mal nascido’,  no finalzinho da geração anterior. E antes que alguém pergunte, as visitas-surpresa dos inspetores das associações existem sim…

Se deixarmos a natureza seguir seu curso, veremos que o maior índice de coberturas bem-sucedidas acontecerá em outubro. Portanto, com grande parte dos nascimentos se dando em setembro do ano seguinte. Bioclimatologicamente falando, isto faz todo o sentido do mundo, pois o pico de crescimento das gramíneas se se dá entre novembro e janeiro. Coincidindo com o ápice de produção leiteira das éguas, do segundo ao quarto mês de vida do potrinho.

Nesta fase, os futuros campeões das pistas chegam a ganhar dois quilos de peso por dia – tudo isso vindo do leite de suas mães, ou das éguas receptoras. Mesmo que seja adotado o creepfeeding, ou outra maneira de fornecimento de ração aos potrinhos, nesta idade eles ainda não ingerem quantidades importantes de concentrado.

O mesmo se destina principalmente a fazer o condicionamento fisiológico do aparelho digestivo para a futura mudança de dieta.  E somente uma égua bem nutrida dá leite de boa qualidade em quantidade suficiente. E as pastagens são o alimento principal dos equídeos. A natureza é sábia.

Isto vale também como lembrete para o fato de que a super-alimentação da égua no final da gestação e logo após o parto não apenas é desnecessária, mas pode ser até prejudicial, com o risco de resultar em cólicas e laminites.

Já por volta do segundo mês pós-parto, a produção leiteira da égua chega a vinte litros diários, e aí sim a nutrição dela merece nossa atenção plena, sob pena de comprometer o desenvolvimento do futuro cavalo atleta.

Por Claudia Leschonski, MV
Fonte: Editora Passos

Raças e associações

Sabendo que para efeito de competição, por exemplo, é importante respeitar o ano hípico, fomos buscar algumas informações. No Brasil, ou hemisfério Sul, como vimos acima, o ano hípico vai de junho do ano corrente até junho do ano seguinte. Especialmente para efeito de registro genealógico dos animais. E claro, para divisões de categorias.

Porém, para efeito de premiação dos Melhores do Ano, cada raça ou associação de modalidade segue um calendário. No Quarto de Milha, para premiar competidores, criadores, cavalos, proprietários no ABQM Awards, conforme a Associação Brasileiros dos Criadores do Cavalo Quarto de Milha, conta-se a pontuação obtida no ano-calendário.

Ou seja, no começo de 2020, quando acontece a festa de premiação,  subirão ao palco os melhores de 2019 contando o ranking de janeiro a dezembro. Mesmo critério adotado pela Associação Brasileira do Cavalo Paint. Para efeito de ranking e premiação da ABCPaint, considera-se de janeiro a dezembro e os registros dos potros valendo o ano hípico normal.

As categorias nas exposições do Mangalarga fogem um pouco desse formato. Elas são formadas conforme a idade específica do animal na data do evento. Se ele tiver 14 meses de idade por ocasião da Exposição Nacional, por exemplo, será incluído na categoria de animais de 12 a 18 meses. Já se ele tiver 19 meses nessa ocasião, participará da categoria de 18 a 24 meses. Sempre contando-se a partir da data-base de realização do evento.

O cômputo de pontos para o ranking anual da raça tem início, por sua vez, no primeiro evento oficial do Mangalarga após a Exposição Nacional e encerra-se na Exposição Nacional subsequente. A Nacional é o mais importante evento promovido pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e costuma acontecer no mês de setembro.

Na raça Árabe, segundo a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe, acontece de forma semelhante. Para fins de registro e divisão de classes, segue-se o ano hípico normal, porém para premiação e participação no ranking para a próxima Exposição Nacional, considera-se o evento. Portanto, o calendário 2018/2019 termina com a realização da ExpoNacional – 17 a 21 de julho. E a partir dessa data, começa a contar um novo calendário, valendo para 2019/2020.

Para quem participa das provas da Associação Nacional do Cavalo de Rédeas é importante ficar atento a essa informação também. O registro dos cavalos, seja de que raça for, contará o ano hípico normal. Mas o ranking de premiação e melhores do ano começa e termina no maior evento da modalidade, que é o Potro do Futuro e Campeonato Nacional. O ano hípico 2018/2019 da ANCR, então, encerrará de 12 a 18 de agosto. A partir dessa data, abrirá para a ANCR o calendário 2019/2020.

Colaboração: Assessorias de Imprensa
Foto: pixbay

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