Vagner Simionato, o grande professor!

Passou anos como o cavaleiro mais pontuado de todos os tempos pela ABQM e tem uma carreira brilhante

Ele já se tornou uma lenda entre os competidores de todo Brasil. Onde quer que vá, todos o conhecem. Vagner Simionato, ou simplesmente Vaguinho, hoje o número 2 de todos os tempos em pontuação no ranking geral da ABQM, é um cavaleiro completo.

Além de competidor e treinador é um grande professor. Formou muitos profissionais que hoje estão no mercado . Segundo ele, já montou mais de quatro mil animais e tem mais de mil fivelas de campeão.

Sua história com os cavalos vem de família, nascido e criado em Duartina/SP, na fazenda onde o pai era gerente, fez sua história em Bauru/SP. Formou-se em Técnico de Patologia Clínica, mas o diploma foi apenas para agradar a família. Já havia decidido que iria viver do cavalo.

“Em 1980, na fazenda que trabalhávamos, estavam começando a criar Quarto de Milha. Alguns meio-sangue, seis éguas puras e dois garanhões. A gente teve um curso patrocinado pela ABQM e ministrado pelo José Eduardo Borba. Foram 30 dias interno onde aprendemos sobre a doma racional, coisas que a gente nunca mais esquece. Marcou muito”, lembra.

“Voltando para casa, aquilo ficou fluindo na minha cabeça: ‘nossa, vou ser treinador’. E comecei a treinar alguns cavalos que já tinham na fazenda. Meu pai começou criar também, e conseguimos fazer vários campeões no Nacional”.

Naquela época era o cavaleiro completo, fazia Tambor, Baliza, Laço, Maneabilidade, Cinco Tambores e ainda haviam os desafios. “Corríamos todas as modalidades e na hora que terminava tudo isso a gente ainda desafiava um ao outro. Tirava a sela, montava no pelo, escolhia um pedaço de 100 a 150 metros de reta e fazia uma cancha reta. Bons tempos”, sorri em recordação.

O chamado ‘cowboy completo’ por ser versátil e competir em diversas modalidades

Em 1990 Vaguinho recebeu uma proposta de trabalho e foi embora para Rio Bonito/RJ. Queria ser conhecido nacionalmente e essa era sua oportunidade. Foi o inicio de sua carreira de sucesso. Em sua primeira prova, no 1º Congresso Brasileiro da ABQM, em 1991, ganhou segundo e terceiro lugares. E foi evoluindo, ganhou Campeonato Nacional também.

Em 1993, apresentou-se pela primeira vez no Potro do Futuro ABQM, com animal feito por ele. Chamava-se Hollow Point 2F. “Comprei do Sr. Francisco Bertolani e ele foi campeão Potro do Futuro na categoria Aberta. O único tempo, naquela época, a correr 18s900”. Com dinheiro da premiação comprou outro potra da criação 2F, Idich 2F, irmão da Cromita MA 10, filho da Bianca EB 33.

Nesse mesmo ano, 1993, Vaguinho casou-se com a Silvia, em dezembro. E em 1994 ganhou o Potro do Futuro com esse animal na Baliza e no Tambor. Nessa altura, ele já estava conhecido. Ficou no Rio de Janeiro até 1996. No ano seguinte, voltou para Bauru, para trabalhar no Haras ST.

“Montava diversos cavalos e 1997 corri com o EF Místico Shady, ganhei Potro do Futuro Aberta e o Ricardo Fanton na Amador com esse cavalo. Depois acabamos exportando ele para os Estados Unidos. Era de propriedade do Sr. Emilio e Nilda Fanton”.

Após um ano no Haras ST, domou grandes animais do plantel como Shady By Creek, Sugar Cream, entre outros. O projeto tomou uma grande proporção, Vaguinho montava já nessa época 40 cavalos. Não só de Tambor, mas de Laço e Bulldog.

“O ST não é uma propriedade grande, eu tomei muito espaço porque aumentei muito meus clientes. Tinha cavalo de Laço, Bullgog, um dos maiores bulldogueiros foi aluno meu, Cesar Brosco, o irmão dele Eduardo Brosco, o Claudio Motta Cardoso também. Todos foram meus alunos. Sou um cavaleiro completo”, afirma e os dados históricos mostram isso.

Juninho, Silvia e Vaguinho

Ele foi campeão e pontuado em todas as modalidades: Conformação, Laço de Bezerro, Laço em Dupla (Pé e Cabeça), Western Pleasure, Rédeas. “Antigamente, a gente tinha que fazer todas as modalidades. Depois foi afunilando, afunilando até que todo mundo se especializou. Parti para a velocidade: Baliza, Tambor, Cinco Tambores e Maneabilidade”, detalha Vaguinho.

Em 1997, ele conseguiu junto a diretoria do Parque de Exposições de Bauru, na época Orlando Lamônica, montar lá uma Escolinha, com aulas de Tambor, Baliza, Team Roping e Bulldog. O Núcleo Bauruense do Quarto de Milha estava recentemente fundado e Vaguinho já estava envolvido também.

Em 1999, comprou o terreno para montar o seu centro de treinamento, hoje o VS Treinamentos. O ponta pé teve parceria com alguns criadores: Robson Belé, Rui Abdo, José Lavado, Ricardo Mondelli. Fizeram um centro de treinamento para a família. Por lá, passaram, e ainda passam, muitos competidores, auxiliares que se tornaram grande treinadores.

Foram, e são ainda, muito animais montados. Em época de casa cheia, Vaguinho chegou a ter 120 cavalos em treinamento. Será que tem algum mais especial? “É difícil citar um só. Por exemplo, ST Tapioca, que foi muito importante, égua mais pontuada do Brasil, que mais ganhou; Ana Leo, que disputou as grandes provas com Victory Fly VF. Eu ganhei dois carros com ela dentro da FNSL e várias motos”.

“Também posso citar, de outra época, Shakira Zorrero, WV Mickey Of Fling, Bandanas Zorrero, Evelin Crusher, que me deu três motos no mesmo dia em Barretos. Agora um cavalo especial cria do meu pai, que me deu 20 títulos de Nacional, foi o Sabidão Hobby. Para ele, qualquer cavalo pode fazer a modalidade escolhida, seja no nível que for, mas ele aprende. “Sempre tudo dentro do tempo do animal!”, pontua Vaguinho.

As raízes de Vaguinho sempre tiveram ligadas a Bauru. Ele teve uma experiência diferente em sua carreira, após mais de 30 anos trabalhando por conta. Foi trabalhar como funcionário no Haras WV, por um período de dois anos. Em 2019, retornou ao seu lar doce lar.

Vagner Simionato é um dos maiores ídolos do cavalo no Brasil

“Posso dizer que foi uma experiência enriquecedora, aprendi a vender cavalos, porque até então eu era um colecionador de cavalos. Tenho 70 cavalos meus hoje e queria vender o que não estava servindo para mim. Aprendi que não é assim! Tanto que vendi o melhor cavalo do Juninho no Congresso e depois disso ele fez mais três novos animais, reciclou. Foi a primeira vez que eu tive férias na vida, tive 13º salário. Então foi uma experiência diferente”.

O processo de voltar pra casa com essa cabeça, também animou um dos maiores ídolos do cavalo no Brasil. “A gente vai aprendendo cada dia! Voltar para casa é muito bom, uma realização de um sonho. Construí os piquetes da minha forma, como eu gosto. Então é gostoso voltar pra casa. Estou reconstruindo tudo novamente, uma estrutura simples, mas onde escrevi a minha história”.

NBQM e VS Festival

Da sua ligação com Bauru e o NBQM, Vaguinho decidiu criar uma prova diferente dentro de uma das etapas do Núcleo. E assim surgiu o VS Festival, um tira teima com formato inédito. O NBQM foi fundado em 1996 e em 2005 foi realizada a primeira edição do VS Festival. Fato que deixou Vaguinho ainda mais próximo da cidade e do Núcleo.

“O NBQM é um grande fomentador dos esportes na região, são 23 anos de existência, sempre buscando o melhor para os competidores. Incentivando as crianças, os jovens e valorizando também o profissional. Procurei sempre estar junto, mesmo quando saí de Bauru”.

Ele nunca fez parte oficialmente do Núcleo, mas está sempre na retaguarda, ajudando no que precisar. Arruma aquela pista como ninguém e, a cada temporada, aparece com uma nova turma de adeptos nas provas.

“Agora temos uma nova diretoria, o Club dos 10, reciclando um pouco as anteriores. Pessoas novas envolvidas com os cavalos, que estão com boa vontade para fazer ainda mais pelo NBQM. E ainda temos a Sandrinha, que dá todo o suporte para o pessoal. Em 2019 a 14ª edição do VS promete muitas novidades, porque agora estou de volta!”.

Vaguinho Simionato durante o VS Festival

Vaguinho fala que o cavalo é muito importante, que ele ajuda a construir o caráter, ensina a ganhar e perder, a esperar, dividir, aprender a ajudar, compartilhar. E que tudo isso é visto dentro do NBQM, no Circuito Velocidade, provas que a família está reunida, que tem uma grande participação de jovens e das crianças.

E para ele, Bauru vai entrar em uma nova era. “Aqui sempre tiveram grandes centros de treinamento, muitos saíram daqui e foram para outros lugares. Mas, agora em 2019, a cidade volta a ser o grande centro do Tambor novamente. Sidnei até pouco tempo estava na região, o Fio voltou pra cá, temos Daniel Araújo, o Decinho, eu reabrindo o meu novamente. Então vocês podem esperar que Bauru volta forte na modalidade”.

Para finalizar, Vaguinho fala dos seus projetos de viver até os 105 anos! Com tanta coisa já conquistada, tantos troféus e muitas histórias para contar, ainda falta metade da vida para realizar seus objetivos e sonhos. “Estou recomeçando na segunda parte da minha vida. Já trabalhei de autônomo, já trabalhei de empregado, então agora volto para casa com outra cabeça, focado no cavalo, na família”.

“Acredito no cavalo durável, que esteja em pista até dez, 15 anos competindo. Não esse cavalo passageiro, que a moçada está fazendo. Cavalo que é um craque, mas dura seis meses. E deixo a dica para que os estão começando: procure um assessor sério, compre um animal certo, um lugar certo para ter seus cavalos, para não desanimar depois, tudo é um ciclo. Agradeço por chegar até aqui à minha esposa Silvia, ao meu filho Juninho, à família Toledo, ao meu pai e toda minha família. Claro, aos clientes desses longos anos de carreira.”

Por Verônica Formigoni
ESPECIAL Bauru – Revista Tambor & Baliza – Ed. 83
Fotos: Hugo Lemes e Arquivo Pessoal

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